O governo de Jair Bolsonaro reduziu o número de cadastros do Bolsa Família no Nordeste em mais de 428 mil famílias, entre maio de 2019 e janeiro de 2020. O número representa uma redução de 6% dos beneficiários do programa na região. Essas informações foram divulgadas no documento “Pacto Social pelo Nordeste”, divulgado pelo Encontro dos Secretários Estaduais de Assistência Social da Região Nordeste.
O secretário estadual de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, Carlos Martins, participou do encontro e comentou que as novas inserções de famílias no programa, realizadas em janeiro de 2020, não são proporcionais à demanda no território nacional. Ele alega que, apesar do Nordeste ter mais pessoas em situação de extrema pobreza, regiões mais ricas como Sul e Sudeste foram as mais favorecidas nas novas concessões do benefício.
“A gente constatou que, em janeiro, foram concedidos novos benefícios. E, na concessão desses novos benefícios, o Nordeste teve apenas 3 mil, enquanto que a região Sudeste teve 45 mil, a região Sul teve 29 mil, a região Centro-Oeste teve 15 mil e a região Norte teve 6 mil. Então não é falta de recursos. É uma nova orientação”, disse Martins, em entrevista ao Bahia Notícias.
A região Sul, com 26 mil novas inscrições a mais que o Nordeste em janeiro, possui uma situação muito menos alarmante que a nordestina quanto à pobreza. São 186 mil sulistas em situação de extrema pobreza, cerca de 700 mil a menos que o número de nordestinos em iguais condições.
Perguntado se essa nova orientação tinha motivos político-ideológicos, Martins disse que “tudo leva a crer que sim”. “Tem mais de 939 mil pessoas no Nordeste em situação de extrema pobreza, 375 mil em situação de pobreza e, na hora de conceder novos benefícios, eu escolho regiões que têm menos do que isso em número? Não consigo entender qual é a lógica disso, a não ser uma lógica de redirecionamento político”, afirmou o secretário.