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MANIFESTO AO POVO BRASILEIRO

Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela Uesc.
Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela Uesc.

Manifesto aqui, diante da vida e da História, meu sólido posicionamento CONTRÁRIO AO IMPEACHMENT, por existir uma flagrante desproporcionalidade entre o ato ilícito imputado à Presidente, conhecido como pedalada fiscal; e a punição de afastamento e perda do cargo que lhe será aplicada em eventual e previsível condenação.

Quem conhece bem o Estado brasileiro sabe que todos os dias vemos as piores condutas praticadas por inúmeros gestores públicos, os quais dilapidam intencionalmente aos bens públicos, fazendo-o de todas as formas e em benefício próprio, além de se envolverem em atos de corrupção, peculato, apropriação indébita, prevaricação e outros tão graves como tristemente comuns em todas as esferas da administração pública, agindo assim, repita-se, para seu benefício pessoal e direto.

A pedalada fiscal, frente aos ilícitos supracitados, se constitui em conduta muitíssimo menos grave, e que não reverteu em enriquecimento pessoal da gestora, a Presidente Dilma, que nunca se beneficiou economicamente de tal fato.

Entretanto, neste momento de ódio e acirramento de ânimos criado tanto pela péssima conduta de vários componentes do governo; quanto pela mídia que habilmente instigou ao máximo tais sentimentos junto ao povo, criou-se um clima no qual a razão não consegue ter voz, e que exige o sacrifício de uma Presidente que mesmo tendo permitido a pedalada fiscal, tem, pessoalmente, as mãos limpas de dinheiro público, o mesmo não se podendo dizer de seus julgadores no processo meramente político em que se transformou o impeachment, retirando o Direito de cena para que as paixões desenfreadas pudessem punir de forma absolutamente desproporcional – e por isso mesmo indevida e injusta – à Presidente Dilma.

Em meu firme entendimento, prestam enorme desserviço à nação as pessoas e instituições que, ao invés de lutar pelo prosseguimento da Operação Lava Jato e de outras importantes ações policiais e judiciais, bem como pela criação de uma legislação mais eficaz contra os crimes cometidos por gestores públicos, contentam-se com a superficialidade de um espetáculo midiático que talvez resulte apenas em tirar uma Presidente eleita do exercício de seu legítimo mandato justamente para que nada mude em relação às práticas de corrupção amplamente enraizadas na política e na administração pública do Brasil.

Como cidadão brasileiro, desejo o prosseguimento das investigações policiais e um julgamento técnico e justo dos acusados. Desejo também a realização de reformas jurídicas, políticas e institucionais. Acredito que só assim se poderá mudar de verdade o Brasil, e não simplesmente reconduzir ou colocar no patamar mais alto do poder os corruptos que, por sorte ou capricho do destino, não foram citados nos depoimentos dos delatores em desespero.

Luto por um Brasil que fortaleça suas instituições; que torne mais rígida sua legislação anticorrupção; que subordine o poder da mídia e o inconformismo dos vencidos nas eleições à vontade expressa nas urnas, respeitando o direito adquirido de governantes e de cidadãos.

É o que sustento, o que defendo e o que ouso expressar, meio em meio às altas vozes dos lobos da intolerância e do oportunismo.

Viva a Democracia! Abaixo o golpe! Viva o povo brasileiro!