ILHÉUS 24H :: Porque a notícia não para. Porque a notícia não para

MP INSTAURA INQUÉRITO CONTRA MATERNIDADE DE ILHÉUS ONDE MULHERES FORAM COLOCADAS EM TATAMES NO CHÃO APÓS PARTOS

Caso ocorreu na Maternidade Santa Helena, que funciona dentro do Hospital São José, em Ilhéus, região sul do estado.

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias em que mulheres que tinham acabado de ter filhos foram colocadas deitadas em tatames estendidos no chão de uma maternidade do município de Ilhéus, na região sul da Bahia. O órgão informou que cobrou explicações à unidade de saúde e que espera um retorno para saber quais medidas devem ser adotadas.

O caso ocorreu na Maternidade Santa Helena, que funciona dentro do Hospital São José. Um vídeo divulgado nas redes socias mostra as mulheres deitadas, uma do lado da outra, em áreas incomuns da maternidade para parturientes, e cobertas por lençóis. O procedimento investigatório do MP para apurar o caso foi aberto na segunda-feira (19) e não há prazo para ser concluído.

“Já foi instaurado. O MP soube do caso por meio das redes sociais, após o vídeo se espalhar, e com base em reportagem feita pela TV Santa Cruz [afiliada da TV Bahia na região]. A maternidade já foi oficiada para apresentar os devidos esclarecimentos”, disse ao G1 o promotor Pedro Nogueira. O prazo de resposta ao ofício é de 10 dias.

O promotor informou que está tentado identificar as gestantes que aparecem deitadas no tatame colocado no chão para que possam ser ouvidas, como parte do processo de investigação.

A coordenadora administrativa do Hospital São José, Naide Silveira, disse que o caso ocorreu na madrugada de quinta (15) para sexta-feira (16).

Na ocasião, segundo ela, houve uma superlotação da unidade de saúde, e os 42 leitos da maternidade ficaram ocupados. Com isso, alguma mulheres tiveram de ser colocadas em uma sala sobre tatames usados para parto humanizado. A unidade informou ainda que é a única maternidade da cidade e que realiza, em média, 330 partos por mês.

O MP disse que vai apurar se realmente houve superlotação. “A gente vai tentar confirmar se houve uma coisa extraordinária nesse dia. Vamos avaliar as explicações da unidade de saúde, para depois decidir se será feita uma auditoria, uma inspeção, solicitada à Secretaria Estadual de Saúde (Sesab)”, destacou o promotor.

A prefeitura da cidade de Ilhéus também informou que convocou diretores da Maternidade Santa Helena para dar explicações sobre o ocorrido. Segundo a prefeitura, nove gestantes ficaram sob observação no tatame após os partos. No vídeo divulgado nas redes sociais, no entanto, somente seis mulheres podem ser observadas.

Ainda conforme o executivo municipal, no último final de semana, a secretária de Saúde Elizângela Oliveira esteve na maternidade para verificar a denúncia e acompanhar a situação.

Conforme a prefeitura, a maternidade alegou que, no dia do ocorrido, recebeu 86 mulheres em trabalho de parto, a maior parte delas em estado expulsivo, quando a gestante apresenta características de dilatação adiantada. O dia considerado crítico para o atendimento foi na sexta-feira – data em que as imagens foram gravadas – quando 35 crianças nasceram, segundo a unidade médica.

A prefeitura informou, ainda, que a Procuradoria Jurídica e a Secretaria Municipal de Saúde estão solicitando da Santa Casa o prontuário de todas as pacientes para confirmar se, de fato, a maioria encontrava-se em estado expulsivo que justificasse o acolhimento imediato em grande escala.

Riscos

Segundo uma das pacientes, até barata tinha no local onde as mulheres foram deixadas. “O médico do plantão falava que não tinha lugar, que a gente ia ter que parir na cadeira ou em cima da sala do toque, né. Uma teve que parir na sala do toque. As enfermeiras ficaram desesperadas, porque não tinha lugar realmente para botar a gente. Botou a gente num colchão lá, foi quase 4 horas (da madrugada). Começou a chover muito e pingar, e tinha barata andando também”, contou.

De acordo com uma médica obstetra que viu o video, colocar mãe e bêbes no chão é muito arriscado. Segundo ela, o chão de um hospital tem muitas bactérias e o recém-nascido é mais sensível.

Ela chamou a atenção ainda para o fato das mães estarem muito juntas. Se qualquer uma delas tiver uma gripe, por exemplo, todo mundo pode ficar doente e uma gripe em um recém-nascido pode se tornar uma pneumonia ou uma infecção generalizada. Do G1.