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PALESTRA PARA CALOUROS ABORDA PAPEL DAS FACULDADES EM ILHÉUS

Ministrada pelo doutor em Direito, Helvécio Giudice Argollo, palestra foi voltada para alunos novos da Faculdade de Ilhéus.
Ministrada pelo doutor em Direito, Helvécio Giudice Argollo, palestra foi voltada para alunos novos da Faculdade de Ilhéus.
Integrando o programa de recepção aos calouros do primeiro semestre de 2014, a Faculdade de Ilhéus promoveu uma palestra, na última quarta-feira, sobre o tema “Aprendizado e/ou alienação: O papel das Faculdades”, proferida pelo doutor em Direito, Helvécio Giudice Argollo, juiz da 1ª Vara de Família da Comarca de Ilhéus, professor de Direito Processual e Penal da UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz), e graduando de Psicologia. 
O evento foi realizado no auditório Professor Adélia Melo, que ficou completamente lotado pelos novos alunos dos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Direito, Enfermagem, Nutrição, Psicologia e Odontologia. Estiveram presentes a diretora acadêmica, Sandra Milanesi, a coordenadora do curso de Direito, Daniela Haun,  professores, e o secretário acadêmico Paulo Castro.
O palestrante falou sobre o papel das instituições de ensino superior no processo de desalienação. “Eu escolhi esse tema pensando em aprendizado como algo que é pedagógico, que a universidade ou faculdade têm um papel em relação ao aprendizado. Então, questionar as coisas que nos são passadas será o fio condutor da nossa palestra. E questionar não significa derrubar as coisas que nos são passadas, mas saber questionar é fundamental”, disse ele.
O juiz e professor chamou a atenção dos estudantes para o processo de aprendizagem nas faculdades. “Tudo que vocês vão escrever daqui pra diante, no que diz respeito aos trabalhos acadêmicos, vai exigir o que a gente chama de fundamentação ou marco teórico. Nas universidades, de uma maneira geral, com a responsabilidade acadêmica que vocês vão começar a construir, nenhuma vírgula,  nenhuma palavra que vocês falem, pode ficar destituída de uma referência bibliográfica. Isso consiste em marco teórico. A partir daí, vocês vão adquirindo autoridade ao longo do aprendizado para ser alguém que diz, mas sempre fundamentado. Ninguém pode bater no peito e dizer ‘eu acho isso’. Na academia, esse verbo achar é proscrito”, alertou Helvécio Argolo.
Marx – Ele abordou a reflexão do tema alienação com base na teoria de Karl Marx, que se referia a uma espécie de alienação das massas. “O autor afirma que com as massas alienadas, é um cálculo muito bom para manipulações. Eu manipulo as pessoas que são ignorantes com relação a explicar os seus fazeres e quando ela me enxergar  como alguém que sabe alguma coisa, ela me coloca num lugar do grande, que Lacan, psicanalista, vai chamar Grande Outro”, refletiu o palestrante.
“Na perspectiva Lacaniana, quando nós nascemos, a primeira pessoa que começa a predicar sobre nós todos é a nossa mãe, nosso pai, ou aquele que faz o papel de mãe, de pai, já que eu estou falando aqui também em famílias homoafetivas. Não significa que o papel paterno seja necessariamente de um homem e não significa que o papel materno seja necessariamente de uma mulher. Hoje, essa questão de gênero está sendo rediscutida e visto que na contemporaneidade o papel feminino pode ser feito pelo homem e o papel masculino, pode ser feito por uma mulher. Não significa, na prática, uma democratização dessa história de afeto e capacidade afetiva ser mais da mulher do que dos homens. Isso foi um mito construído. Então, os homens podem ser femininos e as mulheres podem ser masculinas. Vou mudar o termo: a feminilidade não pertence às mulheres e a masculinidade não pertence aos homens. Isso é uma rediscussão. E essa rediscussão cai uma bomba na sociedade contemporânea.“, polemizou o professor.
O professor Helvécio disse ainda que “O alienado, normalmente, não tem conteúdo, e o que é pior, ele não quer ter conteúdo. Ele pode transitar na vida com sucesso enorme, com a luz do outro, porque não tem luz própria.”.  E afirmou para os estudantes que “o papel da universidade e da faculdade não é torná-los desalienados se não quiserem ser desalienados.  Então, eu diria, o conhecimento é uma forma de emancipação. Quando eu conheço, eu busco o outro,  qual é o fundamento, qual é a legitimidade que ele tem pra fazer o que faz.”, concluiu.