Com licença, doutor Freud Permita-me deitar em seu divã Preciso indagar contigo Preciso do seu ombro amigo Falar sobre esta poesia vã.
Quero que decifre meu inconsciente Que me deixe falar desesperadamente Que analise minhas palavras Versos, rimas, candura e raiva E tudo que passa em minha mente.
Já conversei com Fernando Pessoa Alberto Caeiro e Pablo Neruda Morri de rir com Gregório de Mattos Chorei com Augusto dos Anjos Mas em nada essa sensação muda.
Pedi ajuda a Cecília Meireles A Bandeira, a Drummond de Andrade Achei versos no meio do caminho O Claro Enigma tentei decifrar sozinho Mas em todo lugar a poesia me invade.
Já fiz da palavra disfarce de coisa grave Conforme dialoguei com Adélia Prado Assim como eu, Álvaro de Campos
Queria ser o que pensa e ser tantos
Que até desabafei com Elizabeth Salgado.
Em tempos modernos já viajei Edu Neto Claudia Gonçalves, Tonho França, Jiddu Saldanha Sobrevoei Cyro de Mattos, Valdelice Pinheiro André Rosa, Antônio Pereira, Rita SAntana E neste vasto céu a poesia me arranha
Que me diz, doutor Freud? Se a língua molda o inconsciente Como afirma Lacan veemente Que faço eu com minha alma poeta que vive em mim tão intensamente?