A cidade de Itabuna está no centro de uma polêmica crescente com a possibilidade de privatização da EMASA (Empresa Municipal de Águas e Saneamento S/A). A movimentação nos bastidores da administração municipal sob o comando do prefeito Augusto Castro (PSD) tem gerado revolta entre trabalhadores e preocupação entre especialistas e a população.
A suspeita de que o governo pretende repassar a gestão da água e do esgoto para a iniciativa privada ganhou força após declarações do novo presidente da EMASA, Ivan Maia. Em entrevistas recentes, Maia deixou em aberto à possibilidade de concessão da empresa, o que muitos enxergam como uma preparação para a privatização. A fala do governador Jerônimo Rodrigues (PT) incentivando parcerias privadas para o setor de saneamento básico também acendeu um alerta.
Os opositores da medida argumentam que a privatização resultará em aumento expressivo das tarifas e na demissão em massa de trabalhadores, além de transferir uma dívida bilionária para os cofres municipais. Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), para viabilizar economicamente a concessão da EMASA, seria necessário um aumento imediato de 49% na tarifa de água e 80% na tarifa de esgoto. A possibilidade de criação de uma nova taxa de outorga, semelhante à polêmica “taxa do lixo”, também causa indignação.
A história recente de privatizações do setor no Brasil reforça as preocupações. Experiências em outras cidades demonstram que, além do aumento tarifário, as empresas privadas nem sempre cumprem suas promessas de investimento. A população mais pobre seria a mais afetada caso um “tarifaço” seja implementado sem garantias de melhorias concretas nos serviços.
Diante desse cenário, o Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente da Bahia (Sindae) declarou estado de alerta e promete mobilizar a sociedade itabunense contra qualquer tentativa de privatização da EMASA. A pressão popular pode ser decisiva para barrar a medida e garantir que a gestão da água continue sob controle público.
A questão segue em aberto e promete gerar embates intensos nos próximos meses. O governo municipal, por sua vez, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o tema, mantendo a polêmica viva e a população em estado de alerta.