Homossexuais e transexuais apanhando na rua levam a mais homossexuais e transexuais apanhando na rua. Fogo ateado em ônibus leva a mais fogo ateado em ônibus. E, claro, gente sendo amarrada em postes leva a mais gente amarrada em postes.
“Japonês, quer censurar a TV! Japonês quer censurar a internet!” Afe…
Não estou jogando a culpa no mensageiro ou dizendo que o mimetismo é a causa, mas temos certa parcela de responsabilidade. E não falo por conta da banalização da violência.
E sim de sua transmissão acrítica, como se notícias fossem neutras, não houvesse contexto social e todos os receptores da informação compartilhassem dos mesmos valores.
Não tenho muita esperança que conseguiremos fomentar um debate crítico sobre a nossa sociedade – ainda mais neste estranho ano de 2015. Aliás, começo a torcer para que o ano simplesmente passe logo. Pois o Brasil está virando arquibancada em momento de briga de torcida organizada.
Então, você amigo internauta, amigo jornalista, não transmita ou repasse aberrações sem questionar, pelo amor de Buda. Lembre-se que o seu apoio a um ato idiota – seja objetivo ou por omissão – não muda sozinho a opinião das pessoas, mas unido a outros apoios ajuda a formar uma percepção sobre o assunto.
Em suma, toda pessoa que ajuda a inflar monstros ao longo dos anos ou se omitiu diante disso tem uma parcela de culpa no show de horrores e de vergonha alheia.
Não somos nós que vamos a público cometer agressões. Da mesma forma que não é a mão de pastores ou deputados que seguram a faca, o revólver ou a lâmpada fluorescente que atacam gays e lésbicas. Mas somos nós que, muitas vezes, na busca por audiência ou para encaixar um fato em nossa visão de mundo, tornamos a agressão banal, quase uma necessidade para restabelecer a ordem das coisas.