Pois é caros leitores, não se trata de mais uma piadinha sem noção. O fato afirmado na manchete dessa postagem é real, e foi informado oficialmente pela secretaria de Comunicação da prefeitura de Ilhéus.
Vamos ao trecho que afirma isso: “O presidente da academia de letras de Ilhéus (ALI), Josevandro Nascimento, prestou uma homenagem ao prefeito do município, Jabes Ribeiro, durante a sessão solene realizada na noite da última sexta-feira (14), destacando o permanente apoio prestado à entidade e aos projetos culturais”.
Ficamos a matutar: Será que o nobre professor Josevandro comeu maionese estragada, ou vive numa realidade paralela?
Dentre outros tantos setores, um que se destaca como sendo fruto do pleno descaso do poder público municipal, afirmamos sem pestanejar que é a cultura.
Para começo de conversa, vejamos a situação do teatro municipal de Ilhéus. Fechado há mais de um ano, o espaço, que servia de palco para apresentação não só de espetáculos e artistas de fora, mas, em especial, para os locais, foi fechado no início do ano passado com a justificativa de que seria reformado e, pasmem, até agora, nada foi feito por lá.
Azar dos artistas locais, que já sofriam (e sofrem) com falta de espaços para apresentações na cidade, veem o único que havia, mofar devido ao desuso e descaso da prefeitura.
E a ex-Fundação Cultural? Bem, ela mudou de nome. Agora chama-se secretaria municipal de Cultura. A sua função é fictícia, para não dizer inexistente. Uma vergonha sem precedentes. Nada é feito, nada é promovido, nada é fomentado, nada é incentivado. E, para piorar ainda mais a situação, manifestações populares tradicionais da cidade, a exemplo da Puxada do Mastro de São Sebastião, a Lavagem das escadarias da Catedral e o cortejo das baianas no Dia de Iemanjá, esse ano, foram boicotadas vergonhosamente pela prefeitura.
Aliás, ante tal situação, sugerimos que a pasta responsável pela cultura no município, mais uma vez, seja rebatizada: Secretaria municipal do Nada Cultural.
Se há na cidade alguma movimentação cultural, isso deve-se à iniciativa privada e a projetos financiados pelo governo do estado da Bahia, a exemplo da Tenda Teatro Popular de Ilhéus e o Terreiro Matamba Tombenci Neto.
Tirando isso, transparece que a prefeitura age no intuito de deculturar a população. Desconhecendo que a cultura é, além de um grande alimento da alma, uma importante ferramenta social, na árdua batalha para livrar jovens, crianças e adolescentes, em especial os residentes na periferia, dos tentadores e tortuosos caminhos da marginalidade.