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PUXADA DO MASTRO DE SÃO SEBASTIÃO, UMA FESTA DE COMUNIDADE PARA TODAS COMUNIDADES

Por : Erlon Costa

A Puxada do Mastro de São Sebastião que acontecerá no próximo domingo na Estância Hidromieral de Olivença, é uma festividade secular  que traz em seu bojo uma característica de ritualidade, de memória e de tradição. A atividade tem na comunidade e nas suas ações o diferencial na celebração dos festejos, o envolvimento dos nativos para a realização da festa é o ponto crucial da Puxada do Mastro.

A festa da Puxada do Mastro de São Sebastião em Olivença , tem origem no século XVI  quando padres jesuítas estabelecidos na região em uma tentativa de catequização dos indígenas, apropriam-se de uma manifestação cultural nativa , a corrida de tora, para disseminar elementos cristão entre os indígenas aldeados.

Sua história, esta intimamente relacionada a história de permanecia e resistência dos indígenas Tupinambá de Olivença, que utilizaram-se da festa para a manutenção de traços culturais  fundamentais na luta afirmação enquanto povo indígena e demarcação de seu território.

 A festa que tem vários ciclos ,  inicia-se com a escolha da árvore, por um grupo de machadeiros  os quais determinam qual  será o mastro daquele ano, para que no  segundo domingo de janeiro a comunidade vá buscar e trazer até o centro de Olivença (Aldeia-mãe).

Ainda nos dias que antecedem a puxada do Mastro, a comunidade de Olivença prepara-se para os festejos ornamentando o espaço, realizando apresentações culturais a exemplo do Bloco dos Mascarados, Terno das Camponesas e Boi Estrela. Manifestações essas que ao som da Zabumba e do Sino do Badalo, fornecem o tom da festa e preservam os resquícios da língua Tupi antigo através do Ajuê Dão, Ajuê Dão Dão, única música cantada durante toda o festejo intercalada com trovas e rimas.

No local onde a arvore é  derrubada , denominado de Cepa, existe um misto de fé , devoção e sacralidade, onde indígenas reafirmam seus trocos familiares, refletem sobre a comunidade e repassam a tradição para os mais novos através do Mastaréu; um mastro específico para as crianças que realizam um ritual da mesma maneira que os adultos, desgalhando, descascando e puxando o tronco até chegar na primeira praia.

É importante lembrar que com uma nova concepção de sustentabilidade , novos rituais foram inseridos no festejo ao longo dos anos, sendo o de principal destaque a pratica do poranci antes da saída do cortejo até a mata e o replantio de árvores no local da Cepa.

Vários elementos semióticos são observados nesse instante da festa, folhas de árvores e cipó se tornam adereços de cabeça, pedaços de corda se tornam enfeites para o corpo na busca da memória dos antepassados, o mastro puxado pela população é arrastado pelas praias de Olivença até chegar na ladeira principal onde é aguardado por uma multidão que ao som de bandas locais animam a festa.

Após passado o dia da puxada propriamente dita o mastro é substituído na praça, o tronco novo é retalhado e o antigo guardado junto com o mastaréu para ser queimado nos festejos juninos, muitas simpatias e tradições são realizadas no momento em que o mastro é erguido buscando proteção para toda a comunidade.

Atualmente a Puxada do Mastro tem uma organização institucional por meio da Associação dos Machadeiros de Olivença , que devido as proporções que a festa tomou no calendário turístico regional , busca direcionar a programação para melhor atender a todos que apreciam o folguedo.