Em um aceno para atrair o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) ao PTB, o presidente nacional da legenda, o ex-deputado Roberto Jefferson, decidiu publicar uma resolução anulando a aliança entre a legenda e o DEM em Salvador e dissolver o diretório da sigla na Bahia, transformando-o em “comissão provisória, ainda a ser nomeada”.
Além da demonstração de alinhamento ao Palácio do Planalto, o ato é uma retaliação por um acordo que, segundo o presidente do PTB Bahia, o ex-deputado Benito Gama, contou com sua chancela.
“Ele tomou uma decisão que não conheço as razões. Está questionando a coligação com o Democratas depois da convenção. Para majoritária, depois de arquivada e homologada, é muito difícil reverter. Há um ato jurídico perfeito, com direito coletivo adquirido, mas os nossos advogados estão cuidando disso para ver se é possível reverter ou não. O importante para mim é que tudo foi feito de acordo com a nacional e com o presidente”, ressaltou Gama.
Benito afirma que o diretório do partido na Bahia está mantido e que ele segue no comando estadual e o vereador Carlos Muniz (PTB) no comando da sigla em Salvador. Ele explica que o diretório da Bahia não pode ser dissolvido pela Executiva nacional sem que antes haja uma reunião para essa formalização, e garante que os advogados dos diretórios do PTB na Bahia estão avaliando o caso e as medidas a serem adotadas.
O diretório nacional do PTB explicou que o ato de dissolução tem “como fundamento o Artigo 95 do Estatuto do partido, o qual determina a dissolução dos diretórios quando não houver deputado federal eleito pela legenda, ou não tiver sido alcançado o seu percentual, estabelecido por lei, pela Executiva Nacional”.
Gama admite que a decisão do PTB nacional foi motivada pelo apoio dado pelo PTB de Salvador ao candidato do Democratas, Bruno Reis (Dem), mas pontua que está dialogando com o diretório nacional para solucionar o impasse.
Notas
Em notas divulgadas no site oficial da legenda trabalhista, a executiva nacional do PTB ressaltou que o ato, que alcança diretórios em cidade de São Paulo, Goiás e Ceará, foi motivada por “coligações com PT, com partidos de esquerda, com o DEM”, e que essas “coligações afrontaram a decisão da Executiva do partido de não permitir alianças com esses partidos”.
Em um áudio compartilhado no WhatsApp na última quinta-feira, 17, o presidente nacional do PTB criticou o presidente nacional do Democratas e prefeito de Salvador, ACM Neto (Dem): “Quero anular Salvador, na Bahia. Não quero mais nada com esse Neto e com essa turma de DEM, de Netinho, presidente do DEM. Acabou esse troço”.
Na manhã desta sexta-feira, 18, o prefeito de Salvador, ACM Neto, presidete nacional do DEM, rebateu as declarações de Roberto Jefferson e criticou o ex-deputado federal e delator do esquema que ficou conhecido com o Mensalão, durante o governo do ex-presidente Lula (PT).
“Recebi as palavras do presidente nacional do PTB eu a recebo como elogios. Vindo dele eu recebo como elogio e reconhecimento da minha integridade. Tenho minha vida pública sem máculas. Exerço funções públicas há mais de 20 anos. Não tenho que responder absolutamente nada na Justiça e sempre volto pra casa com a minha consciência tranquila. Infelizmente não posso dizer o mesmo sobre ele. A minha régua é diferente da dele”, alfinetou Neto. [A Tarde]