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SERÁ QUE CHEGOU A HORA DA ESQUERDA ILHEENSE SE VER LIVRE DE JABES?

Artigo do escritor e professor da Universidade Federal do Sul da Bahia, Gabriel Nascimento. E-mail: [email protected]

Durante décadas a esquerda ilheense coube certinho no bolso de Jabes e do Jabismo. É inegável a liderança do ex-prefeito. Prefeito por muitos mandatos, ele é o símbolo da ausência de lideranças políticas reais em Ilhéus.

Políticos temos de sobra. Lideranças políticas são outros quinhentos. Jabes sempre surfou nessa onda. Surgindo como uma liderança jovem, engoliu os dinossauros e aventureiros. Mesclou os lugares de professor com o de coronel e gestor. Tudo com um jeito de governar que divide, e muito, a população.

A esquerda, por outro lado, sobrevive numa cidade com altos índices de voto em projetos de esquerda nas eleições nacionais. Estranhamente, a parte da esquerda que sempre esteve com Jabes se aproximou dele na diferença dele com o carlismo e continuou com ele mesmo depois dele se tornar parte integrante de uma direta regional que em nada se diferencia dos dinossauros da política de sempre.

Jabes foi lesivo para nossa política. Ele a engoliu e, com poder, brutalizou o poder que tinha: demitiu servidores concursados, afastou servidores que tinham por legítima a ocupação que faziam por força de direito garantido, deitou e rolou. Não há quem diga que ele perdeu. Quem perdeu foi Ilhéus. Todos perdemos muito.

O contexto agora é diferente de 4 anos atrás, quando boa parte da esquerda apoiou equivocadamente um candidato do PP, partido de Jabes. Naquela época, Jabes e seu partido eram membros da base aliada. Partidos como PC do B, que é um zelador nato da coerência e da frente ampla na política desde sempre, jamais poderiam abrir mão de ver a frente ampla ligada à base aliada perdendo eleição municipal na cidade. Hoje Jabes e a esquerda, eternos conhecidos, estão em contraposição. Em lados opostos.

Nada mais justo do que ver a esquerda, e a Federação Brasil da Esperança, entendendo seu lugar na cidade e, pela primeira vez na história, mais distante do Jabismo e de Jabes.

Sem poder ser o salvador da cidade, e sem ser o representante da base aliada, caberá a Jabes unicamente a possibilidade  de testar sua força. Se conseguirá só o pleito do ano que vem vai mostrar.