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SEXTA TARTARUGA MARINHA É ENCONTRADA MORTA NO SUL DA BAHIA

Projeto (a)mar faz alerta para a sexta tartaruga marinha encalhada com a enfermidade de Fibropapilomatose. Foto: CIPPA-Ilhéus. (Acervo Projeto (a)mar).

A Equipe do Projeto (a)mar e a CIPPA (Companhia Independente de Polícia de Proteção Ambiental/Porto Seguro) realizou  no dia 16.06.2019 o resgate de uma tartaruga verde (Chelonia mydas) juvenil em uma praia do sul de Ilhéus (BA), após acionamento da comunidade e banhistas. Através de orientações clínicas e de manipulação,  os policiais da CIPPA resgataram o animal, e o mesmo foi direcionado para a base do Projeto (a)mar. Mas infelizmente no meio do caminho houve o óbito da tartaruga marinha.

Foi verificado que a tartaruga marinha estava acometida da doença denominada Fibropapilomatose. Segundo a bióloga  e coordenadora do Projeto (a)mar, Stella Tomás,  a fibropapilomatose é uma doença caracterizada pela presença de múltiplos tumores de pele que podem também afetar órgãos internos. Ocorre nas tartarugas de todos os oceanos, afetando principalmente as verdes (Chelonia mydas). Embora sejam tumores de natureza benigna, podem prejudicar o deslocamento e alimentação das tartarugas.

Embora a natureza da doença não seja ainda totalmente conhecida, a presença de tumores tem sido  associada a um vírus (herpes-vírus), e sua ocorrência é mais freqüente em locais com altos índices de poluição (presença de resquícios químicos, pesticidas organoclorados e bifenilos policlorados (PCBs) lançados nos rios). São raros os casos registrados em áreas conservadas. Desta forma, mesmo que as ações humanas não sejam a causa primária, contribuem  efetivamente para a intensificação e proliferação da doença, nos informou o Médico Veterinário do Projeto (a)mar,  Dr. Wellington Laudano.

O animal em questão estava bastante debilitado, magro e com muitas tumores externos, comprometendo a sua flutuabilidade, alimentação  e deslocamento.Neste caso específico, infelizmente o prognóstico era bastante ruim, visto que pelo quadro clínico já existiam órgãos comprometidos. A presença desses fibropapilomas reduzem bastante a movimentação e aumentam o risco de emalhes incidentais em redes de pesca pelas tartarugas (elevam o índice para mais de 90 %), e como consequência a morte desses animais marinhos por afogamento (embolia gasosa), segundo o Médico Veterinário, Dr. Wellington Laudano.

Embora existam seis variações do vírus, outros fatores estão também associados que incluem parasitos, suscetibilidade genética, carcinógenos químicos, contaminantes ambientais, biotoxinas, imunossupressão e luz ultravioleta que podem sim, ter um papel adicional na etiologia da fibropapilomatose (AGUIRRE, 1998). Desde 2008, a Fibropapilomatose (FP) tem sido inserida em um campo específico para registros da presença de tumores, associados ou não à Fibropapilomatose para o monitoramento e, as ocorrências da doença são sistematicamente registradas no banco de dados do Projeto (a)mar, por ser a enfermidade mais importante das tartarugas marinhas.

O tratamento constitui-se na retirada cirúrgica dos tumores, felizmente a taxa de sobrevivência de tartarugas verdes após a cirurgia está acima de 90 por cento (MATUSHIMA et al, 2001). Isso acontece quando a mesma não esta bastante debilitada e nem com comprometimento de vários órgão vitais, segundo a Bióloga Stella Tomás.

O Projeto (a)mar alerta para que banhistas e a comunidade em geral, não manipulem esses animais acometidos dessa doença, mesmo não sendo uma zoonose (ou seja que ocorre a transmissão para humanos ou vice-versa). E que não tentem em hipótese nenhuma a remoção das verrugas, pois só deve ser feito por Médico Veterinário, em local asséptico e cirúrgico.