O Teatro Popular de Ilhéus (TPI) embarca na tarde desta segunda-feira, dia 20, para Recife (PE), onde participará da 19ª edição do Festival Recife do Teatro Nacional. Para a viagem, o grupo conta com o apoio financeiro do Fundo de Cultura da Bahia (FCBA), através da seleção pública 2017 do edital de Mobilidade Artístico Cultural, que tem como característica permitir a circulação de projetos e também o intercâmbio de artistas baianos. O FCBA é uma iniciativa da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA).
O grupo ilheense apresentará, na próxima quinta-feira (23), às 19h, no Teatro Hermilo Borba Filho, o espetáculo “Os fuzis da senhora Carrar”, escrito por Bertolt Brecht. O TPI é um dos poucos grupos teatrais do mundo a possuir autorização para a montagem da obra do dramaturgo alemão, com tradução de Antônio Bulhões e direção de Romualdo Lisboa.
Estreado neste ano, e com pelo menos seis meses de pesquisa antes disso, “Os fuzis da senhora Carrar” conta a história de uma mãe viúva que tenta proteger a integridade de seus filhos durante a guerra civil espanhola. A obra, escrita por Brecht durante o conflito real (ocorrido entre 1936 e 1939), ganhou com TPI elementos cênicos que contribuem ainda mais com a envolvente dramaticidade.
Um dos exemplos é o uso de projeções com cenas da guerra civil espanhola, coletadas junto a Filmoteca Española, e também de relatos de mães ilheenses que tiveram seus filhos vitimados em conflitos ocorridos em zonas periféricas de Ilhéus. As entrevistas foram feitas com presença da atriz Tânia Barbosa, que dá vida à personagem principal, Teresa Carrar, e que pôde sentir de perto a angústia de muitos casos, como o de uma mulher do bairro Nossa Senhora da Vitória, que apesar da confirmação da execução da filha, até hoje não teve acesso ao corpo, para sepultá-lo.
Segundo explicou o diretor Romualdo Lisboa, “mesmo longe dos conflitos bélicos da atualidade e vivendo distante dos grandes centros urbanos, o que motiva o TPI a dar voz à senhora Carrar são as guerras silenciosas travadas em determinadas localidades. É fundamental dar voz a essas mulheres e provocar o público a compreender que o problema delas, que se replica pelo Brasil e mundo à fora, é um problema de todos nós”.
O Teatro Popular de Ilhéus é o único grupo baiano desta edição do Festival Recife do Teatro Nacional, que teve seu início nesse domingo (19). Em 2016, o grupo encerrou a programação do Festival com apresentações dos espetáculos “Medida por medida” (inspirado na obra de William Shakespeare) e “Teodorico Majestade – As últimas horas de um prefeito” (com indicações ao prêmio Braskem de Teatro), conquistando o exigente público pernambucano.
Fundo de Cultura do Estado da Bahia (FCBA) – Criado em 2005 para incentivar e estimular as produções artístico-culturais baianas, o Fundo de Cultura é gerido pelas Secretarias da Cultura e da Fazenda. O mecanismo custeia, total ou parcialmente, projetos estritamente culturais de iniciativa de pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado. Os projetos financiados pelo Fundo de Cultura são, preferencialmente, aqueles que apesar da importância do seu significado, sejam de baixo apelo mercadológico, o que dificulta a obtenção de patrocínio junto à iniciativa privada. O FCBA está estruturado em 4 (quatro) linhas de apoio, modelo de referência para outros estados da federação: Ações Continuadas de InstituiçõesCulturaissem fins lucrativos; EventosCulturaisCalendarizados; Mobilidade Artística eCulturale Editais Setoriais. Para mais informações, acesse: www.cultura.ba.gov.br