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“TINY SHIT”

Rodrigo melo é Catitu, pai de Amaralina, filho de Ilhéus, escritor e fera no pingue-pongue.
Rodrigo Melo é Catitu, pai de Amaralina, filho de Ilhéus, escritor e fera no pingue-pongue.

RODRIGO MELO

Dia desses vi um comentário da Ângela Rô Rô no Facebook.

Ela era o toca fitas da Brasília do meu pai. Ela e a Bethânia. Os anos 80, a turma sorridente, leveza e despreocupação, de modo que, tão logo vi o comentário, mandei uma mensagem pra ela. Foi assim:

– Porra, Ângela, doido pra te adicionar, fanzaço, mas parece que não posso. Você já tem amigos demais.

Um dia depois, ela respondeu:

-You tiny shit!!! You don’t know what you are doing in life…!!! You don”t desserve to bealive!!!

“So many wave”, como se diz. Fiquei a imaginar que aquilo era a fala do John Goodman, com a arma na mão em “O Grande Lebowski”, porque era essa a foto que estava no meu perfil. Vez por outra enjoo da minha cara e coloco a dos outros na reta. Então fui lá e respondi para Ângela, naquele clima meio porra louca da gente, já camaradaços:

– É isso, baby. Tiny shit! Viver é merecer e talvez a maioria não mereça. Abração.

Aí não demorou muito a Rô Rô mandou:

– Just wait and see….Watch out!!! Place this gun in your head…and Shoot!!!

OK, mais um pouco inglês. Nunca fui bom de inglês, é a verdade, e, mesmo que seja um passatempo divertido, ficar digitando play ou mixed, ando preocupado com umas coisas, ando preocupado com coisas para caralho mesmo, querida, a realidade bateu na porta e ela tem uma cara chata de oficial de justiça, as mãos dela são cheias de calos e ela não está de bom humor, por isso, consequentemente, eu não ando com muito saco também, sem saco para quase tudo mesmo, a não ser para os ídolos, Angela, a não ser para os ídolos, meu bem. Já te falei da Brasília do meu pai? Pensei em perguntar das biritas, mas talvez fosse perigoso, hoje em dia tem que se pensar muito antes de perguntar. Poderia, então, procurar saber dos discos, dos shows, mas concluí que eram perguntas bobas, que qualquer um podia fazer. Então eu falei.
– valeu, Angela, bom mesmo te conhecer. Se cuida.

Era uma besteira, mas era alguma coisa e em alguns segundos, ela respondeu.

– Você é uma biba? 

Biba? Porra, Ângela, e os anos 80, a Brasília de meu pai?

– Hold the tchan, querida (o compadre Washington falava assim). Respondi pra ela: Biba é foda. 

Não aprendi a ser paciente, embora já tenha fingido. Contigo abro essa exceção. Coisa rara, só pra quem pode. Aproveita. O caso é que assisti a filmes demais do Chuck  Norris.

Um dia se passou até que ela respondesse. Estava lá, nas minhas mensagens:

– Já estão com meus advogados os seus recados com fotos. TODOS!!!! Assim que tiver alta da cirurgia que fizeram em mim…saindo do hospital… Eles vão procurar o senhor para se explicar perante a Lei! Prepare-se, canalha!

– Ok – respondi. Manda eles adiantarem alguma coisa que ando mal. Alguma coisa de grana, melhor dizendo. Um beijo.

Logo depois dessa minha resposta, pensei em mandar outra, mais leve, sondando se tudo aquilo de fato não passava de uma brincadeira da Ângela. Ela que sempre fora uma grande brincalhona, mas não consegui. Fui até seu perfil, dava inexistente. Deduzi, então, que ela havia me bloqueado.

De lá pra cá, nada mais aconteceu. Nem advogados, nem leveza, nem despreocupação.