O Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática (PPGECM), em colaboração com o Grupo de Pesquisa Educação Matemática e Diversidade Cultural (GPEMdic) e os Projetos de Extensão Dinamizando o Ensino de Libras e Seminários Acadêmicos de Ensino de Ciências, da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) promoveu, no dia 12 de fevereiro, um evento de relevância para a formação de tradutores-intérpretes e para a comunidade surda.
“O evento não apenas promoveu o aperfeiçoamento técnico dos tradutores-intérpretes, mas também fomentou o debate sobre a necessidade de políticas efetivas e inclusivas para a educação de surdos no Brasil. Mais do que um momento de aprendizado, a iniciativa representou um chamado à responsabilidade coletiva por uma educação que respeite as particularidades dessa comunidade, garantindo equidade no acesso ao conhecimento e à produção acadêmica,” destacaram os coordenadores.
O encontro, realizado em dois turnos, contou com uma palestra e um workshop voltados à discussão das políticas públicas para a educação bilíngue e aos desafios da tradução e interpretação de enunciados matemáticos para a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Pela manhã, 10 tradutores-intérpretes participaram das atividades, juntamente com uma estudante e dois professores surdos. A professora doutora Elidéa Bernardino, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ministrou a palestra inicial, abordando a “Ação Construída em Libras” e sua importância na tradução e interpretação. Em seguida, os participantes tiveram a oportunidade de aprimorar suas estratégias de interpretação de enunciados matemáticos em um workshop prático.
No período da tarde, o evento reuniu 40 participantes, incluindo sete pessoas surdas. Estiveram presentes professores e licenciandos em Letras Libras do Instituto Federal da Bahia (IFBA) de Itapetinga, profissionais do IFBaiano de Uruçuca, lideranças surdas de Ilhéus, Itabuna e Itapetinga, além do professor surdo da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Marcílio Vasconcelos. O debate, conduzido pela professora doutora Jurema Lindote Botelho Peixoto, pela professora mestra Roberta Brandão e pelo professor doutor Wolney Gomes Almeida, destacou a defasagem entre as políticas públicas e sua efetiva implementação, revelando os impactos negativos dessa negligência na vida acadêmica e profissional da comunidade surda.
A professora Elidéa Bernardino apresentou um documento de referência para o ensino da Língua Portuguesa como segunda língua para surdos no Brasil, ressaltando as dificuldades enfrentadas por essa população no acesso à escrita acadêmica. Os relatos de participantes surdos evidenciaram barreiras linguísticas persistentes, como a ausência de uma abordagem estruturada para a disciplina de Língua Portuguesa como segunda língua, dificultando a publicação de artigos e a inserção no meio acadêmico.