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A CEI DO TRANSPORTE PODERIA SER APROVADA – O QUE IMPEDIU?

Cartaz usado na manifestação de ontem (sexta, 30). Foto de Maurício Maron.
Cartaz usado na manifestação de ontem (sexta, 30). Foto de Maurício Maron.
Na última quarta-feira (28), a câmara de vereadores de Ilhéus, sob o comando do Dr. Jó (PCdoB), arquivou pedido de abertura de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investigaria as empresas de transporte da cidade. O pedido foi protocolado na mesa diretora uma semana antes, pelo movimento Reúne Ilhéus.
Para recomendar o arquivamento, o presidente usou mecanismo legal, isso é inquestionável. Jó se baseou no regimento interno da casa, que prevê a abertura da CEI somente se o documento for subscrito por, pelo menos, sete vereadores. O pedido do Reúne Ilhéus não tinha as assinaturas, mas poderia ter.
Naquela sessão, dois vereadores faltaram. Gilmar Sodré (PMN/situação), que pouca falta faz a casa, e Valmir Freitas (PT/oposição). Os outros 17 estavam no plenário. Dez votaram pelo arquivamento, mas se abstiveram de assinar o pedido.
Dos 17, seis eram do bloco de oposição ao governo e se comprometeram a subscrever o documento, mas, naquele momento, não foi suficiente.
Mesmo seguindo o entendimento da mesa diretora, a recusa em assinar o requerimento marca a câmara e, principalmente, os vereadores da situação, que se negaram a pôr um foco de luz sobre o sistema de transporte do município.
A indiferença da bancada de apoio ao prefeito quanto à CEI gera questionamentos. Afinal, o que há de errado entre as empresas de transporte e o governo jabista? O que motivou a blindagem? O que há para esconder? A bancada é de apoio também às empresas?
Pressionada pela onda de protestos iniciada em junho, a câmara do Rio de Janeiro instalou CPI para investigar as concessões de transporte, que estão nas mãos da mesma família há mais de 20 anos. Por lá, estão em pauta também a situação do sistema, os altos lucros das empresas em contraste ao serviço precário fornecido. Qualquer semelhança com Ilhéus transcende o campo da coincidência.
Os vereadores aliados a Jabes perderam uma grande chance de mostrar que o legislativo pode superar o primeiro semestre de trabalho, marcado por intervenções judiciais e imposições do executivo.
Feliz ou infelizmente, eles não terão nova chance.
Já na próxima terça-feira (3), a bancada de oposição, composta exatamente por sete vereadores, promete protocolar na mesa diretora pedido de abertura da CEI. Uma lição aos colegas da base aliada.