Na noite desta segunda-feira o presidente eleito Jair Bolsonaro participou de entrevista para o Jornal Nacional da Rede Globo e respondeu a várias perguntas em tom conciliador dos âncoras da emissora. Dentre outros assuntos, o ex-militar atacou a Folha de São Paulo e voltou a falar sobre o “Kit Gay” que ele tanto usou nas suas propagandas eleitorais e chegou a ser proibido pelo TSE de usá-lo por ser fake news, algo ignorado sumariamente.
Bolsonaro se referiu a reportagem da Folha de São Paulo sobre Walderice Santos que era empregada como assessora dele. Segundo o deputado federal, Walderice Santos da Conceição foi rotulada “de forma injusta” de servidora “fantasma”, por ter como principal atividade um comércio, chamado “Wal Açaí”. “É uma senhora, mulher, negra e pobre”, declarou. Ele disse ainda que a funcionária estava de férias quando foi encontrada.
Pelo Twitter a Folha de São Paulo se defendeu e afirmou que “A reportagem da Folha mostrou que uma funcionária sua na Câmara dos Deputados trabalhava em horário de expediente vendendo açaí em Angra dos Reis (RJ) em mais de uma ocasião e em meses diferentes. Tanto que ela acabou exonerada.”
O deputado federal disse defender a liberdade de imprensa, mas deixou claro sua insatisfação com mídias de oposição “Não quero que ela [a imprensa] acabe, mas no que depender de mim, na propaganda oficial do governo, imprensa que se comportar dessa maneira, mentindo descaradamente, não terá apoio do governo federal”.
Além da polêmica com a Folha, Jair Bolsonaro voltou a atacar o que ele chama de “Kit Gay”. Durante a campanha o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Carlos Horbach, determinou a suspensão de links de sites e redes sociais com a expressão “kit gay” usados pela campanha de Jair Bolsonaro para atacar o candidato do PT, Fernando Haddad.
Desta vez o militar da reserva resolveu atacar o que ele chamou de “9º Seminário LGBT Infantil”, mostrando um claro desconhecimento das atividades da câmara de deputados da qual ele fazia parte. Segundo ele o seminário teria ocorrido em 2010, o que nunca ocorreu. O que existiu foi o IX Seminário LGBT no Congresso Nacional – Respeito à Diversidade se Aprende na Infância: Sexualidade, Papéis de Gênero e Educação na Infância e na Adolescência.Na ocasião, foram discutidos “infância e sexualidade” com especialistas em direito, educação, sexualidade e psicologia. A frase “todas as infâncias são esperança” foi escolhida como lema do evento.
O Seminário que ocorreu de verdade visava debater com a sociedade civil e o governo federal “a infância e a adolescência de meninos e meninas que sofrem bullying e violência doméstica por escapar dos papéis de gênero definidos pela sociedade”. Idealizador do projeto, Jean Wyllys disse ao Portal da Câmara na época que “a gente sabe que tem muita criança que sofre violência doméstica terrível, são queimadas, são espancadas porque não se enquadram em papéis de gênero. Ou seja, aquele garoto que, com 6, 7 anos de idade, quer brincar de boneca e os pais batem”, completou o deputado.