“Todo esse processo de seleção das empresas que prestariam serviço para a Petrobras acontecia fora da Petrobras. As empresas é que discutiam e se organizavam entre si. Não existia uma liderança. Todas as discussões e acordos eram feitos entre todos os participantes e havia casos em que não se chegava a um acordo e havia concorrência de fato”. A afirmação é de Augusto Mendonça Neto, executivo da Setal Óleo e Gás, empresa investigada pela Operação Lava Jato.
Na última quinta-feira, ele foi interrogado na CPI da Petrobras em uma sessão que durou cerca de sete horas e foi presidida pelo deputado federal Félix Mendonça Júnior (PDT-BA).
Augusto Neto defendeu os procedimentos internos adotados pela estatal para contratação das empresas terceirizadas com dispensa de licitação, mas admitiu que o consórcio de empresas do qual fez parte pagou algo entre R$ 100 milhões e R$ 110 milhões em propinas aos ex-diretores da petrolífera Renato Duque e Paulo Roberto Costa.
Antes de concluir a sessão, Félix Júnior convidou o executivo da Setal para participar da Comissão Especial que analisa mudanças na Lei de Licitações (Lei 8.666 /93).
Na próxima semana, a CPI deverá se deslocar para Curitiba, onde ouvirá acusados de participação no esquema de corrupção na Petrobras de maneira articulada com o juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato.