Conta uma antiga lenda, oriunda de um reino muito distante conhecido nos livros de História como “Ilhas Cacaueiras das Boas Vantagens”, que uma movimentação estranha começou a chamar a atenção da população. Atônita, ela prontamente buscou denunciar o caso aos mensageiros do reino.
Segundo denúncias da grande plebe, haveria um estranho esquema no setor responsável em liberar a cobiçada “Carta de Autorização Para Guiar Carruagens”. De acordo com os habitantes do reino, alguns servidores majestáticos estariam cobrando o valor de 300 dinheiros, de quem fosse reprovado no exame prático, para, mesmo assim, assegurar a aquisição da licença. “É pagar e passar”, apontou um candidato.
Ainda de acordo com informações trazidas por mensageiros, o esquema envolve muita gente, e é antigo, desde a época que o atual mandatário municipal era só um discreto e desconhecido doutor.
Conforme relatos ouvidos nas vielas dos condados, todo mundo recebe seu devido quinhão. “Dos instrutores das carruagens e carroças, até os burocratas lotados na repartição real”, enfatizam os populares. Comenta-se nos bastidores do paço real, que tais burocratas do setor são os que abocanham as maiores fatias, e que as somas movimentadas mensalmente são de arrepiar até o cangote da rainha.
Estudiosos da plebe rude afirmam que, a liberação desenfreada dessas autorizações para guiar as carruagens, dada a essas pessoas que perderam nos exames, vem aumentando os riscos de acidentes. Isso, explica, porque o esquema acaba dando aval positivo para centenas de pessoas, que demonstraram não estarem, até então, aptas para conduzirem os veículos nas maltratadas ruas do reino.
Se isso aqui fosse um reino sério, a guilhotina já estaria operando em alta. Haja fome insaciável, haja boca para alimentar, haja cabeça para rolar…
