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O BURRO ELITISMO QUE AINDA SE VÊ EM ILHÉUS

burroDe acordo com a definição clássica do “pai dos burros”, favela é uma área degradada de determinada cidade, caracterizada por moradias precárias, falta de infraestrutura e sem regularização fundiária.
A sua origem etimológica surge na guerra de Canudos. A então cidadela comandada por Antônio Conselheiro foi construída junto a alguns morros, entre eles o morro da Favela, assim batizado em virtude da planta Cnidoscolus quercifolius (popularmente chamada de favela) que encobria a região.
Alguns dos soldados que foram para a guerra, ao regressarem ao Rio de Janeiro em 1897, deixaram de receber o soldo, instalando-se em construções provisórias erigidas sobre o morro da Providência. O local passou então a ser designado popularmente morro da Favela, em referência à “favela” original. O nome favela ficou conhecido e na década de 1920, as habitações improvisadas, sem infraestrutura, que ocupavam os morros passaram a ser chamadas de favelas.
Pois bem, outro dia desses, acessando o nosso querido R2C Press, site avô de todos os blogs da região, nos deparamos com a postagem indignada de um ilheense, que, com fotos da tenda do Teatro Popular de Ilhéus, armada na avenida Soares Lopes, reclamava da suposta favelização da nobre localidade.
Pensamos aqui com nossos botões: Vejam só, um local onde a cultura é a peça motriz, com a realização e produção de peças de teatro, oficinas culturais diversas e inúmeras atividades artísticas, é classificado como favela, por, supostamente, destoar da beleza local e incomodar os nobres moradores do citado bairro.
Continuando na grande rede, eis que nos deparamos com um comentário aqui mesmo no Ilhéus 24h, sobre a retirada do acampamento do Reúne Ilhéus de frente do palácio Paranaguá, sede da prefeitura de Ilhéus. O comentárista em questão afirmou que a presença de tais barracas remetia a uma favela, armada no centro histórico da cidade.
Ora bolas, um local onde jovens acampados exigem que a prefeitura explicite a documentação que justifique a roubalheira convencionada através dos altos preços da passagem de ônibus na cidade, é classificado pejorativamente por favela. Ou seja, mais vale o “belo” aspecto estético do centro, do que a luta para acabar com a exploração que o preço de tal serviço representa.
Pois é, em pleno século 21 ainda é possível se deparar em Ilhéus com o burro sentimento elitista, que prega que a arte e as mobilizações reivindicativas populares, são coisas “favelizantes”.
Discordamos. Mais degradada do que a mais pobre das favelas são os valores dessas pessoas que nutrem esse tipo de pensamento.
São coisas da nossa Ilhéus. Ou melhor, da Ilhéus elitizada e burra, como muitos desejam que ela seja.