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PARA VENCER A MISÉRIA MORAL

JULIO GOMES
Julio Cezar de Oliveira Gomes é professor e advogado.
Julio Cezar de Oliveira Gomes é professor e advogado.
Causa-me profunda preocupação a ausência de valores morais que observo em uma parte cada vez maior da população brasileira, sobretudo entre os mais jovens.
Bombardeados pelos péssimos exemplos que vêm da novela das 9:00 da noite, sobretudo ao longo dos últimos 25 anos, e pela falta de respeito ao próximo que se generaliza em nossos dias, vejo pessoas cada vez mais preocupadas em afirmar-se nos excessos da sexualidade, seja homo ou heterossexual; em possuir para ostentar, que se tornou a febre até mesmo das classes sociais mais populares, expressa no ritmo do funk ostentação; e de querer enriquecer sem trabalhar ou estudar, o que torna a ascensão social quase impossível, pelo menos de forma lícita.
Vejo um grande contingente de jovens que simplesmente abandonaram a escola, e que também não se dispõem ao trabalho, sugando de pais e parentes o necessário para a satisfação de seus desejos. O que será deles quando aqueles que os mantém se forem? Decerto nada de bom.
Fico pensando: como poderemos construir uma nação ou uma sociedade próspera e feliz se não estivermos solidamente firmados no valor social do trabalho? Como serão as famílias, em torno de quem se estruturarão, se os mais velhos não tiverem uma profissão, uma história de trabalho, de lutas, de sacrifício em favor das pessoas do grupo familiar? Se não dão conta de si próprios, como darão conta de uma família?
Claro que nem todos os jovens são assim. Há milhões que desejam crescer mediante o esforço de cada dia. Mas há também milhões que venderiam, sem pudor algum, a alma e o sangue de qualquer pessoa por um único dia de luxo na beira da piscina. Como fazer para que estes não passem por cima daqueles, esmagando-os como um trator?
Preocupa-me ver as igrejas católicas com tão poucos jovens nas missas, e alegro-me em vê-los na igreja evangélica, não porque sou evangélico, mas por que os vejo buscando a Cristo e às lições de amor, moralidade e abnegação contidas no Evangelho.
Vejo que em nossa sociedade, ao tempo em que os bens materiais tornam-se cada vez mais abundantes e acessíveis a todos, espalha-se uma miséria moral sem precedentes, onde nada é errado, nada é reprovável e mesmo os procedimentos mais torpes são, por vezes, aceitos como normais, portanto incentivados. Tenho certeza de que este estado de coisas só nos levará ao fosso da infelicidade e a uma profunda desagregação social.
Rogo aos pais que eduquem seus filhos o melhor possível, incutindo-lhes valores morais de respeito, amor, trabalho, limites e boa conduta, mesmo sabendo que boa parte da mídia lhes prega, diuturnamente, o oposto de tudo isto.
Que lhes eduquem na cautela e sabedoria necessárias para se viver em uma sociedade tão moralmente adversa.
Todas as riquezas materiais de que dispomos de nada valerão se não tivermos boas cabeças no comando dos corpos, e valores sociais que nos permitam conviver com um mínimo de respeito ao próximo.
Pais, professores, tutores e todos aqueles que, de alguma forma podem influenciar às demais pessoas no sentido do bem: façam isso com todo o zelo e ardor possíveis, porque aos que trabalharem o futuro assegurará condições materiais dignas, mas da miséria moral só aqueles que educam podem livras as futuras gerações.