“Não precisamos de mendigos: Fora!”, dizia um cartaz carregado por um grupo de pessoas em uma avenida da badalada praia de Canasvieiras, em Florianópolis.
Poucos metros à frente, no meio da passeata, outra mensagem: “Balneário Camboriú, para de jogar mendigos na nossa praia (que vergonha)”.
Munidos de faixas, cartazes, alto-falantes e carro de som, moradores iniciaram uma campanha pela saída de moradores de rua da região.
A cena foi flagrada no último dia 26. Desde então, outro protesto foi realizado, e um terceiro está marcado para o próximo dia 11.
Segundo os moradores, o número de sem-teto cresceu nos últimos meses. “Aqui virou o Éden deles”, afirma o presidente do conselho de segurança do bairro, Carlos Hennrichs, 67.
O aumento é maior no início da temporada de verão, diz a empresária Luciana da Silva, 31, que organizou o protesto. “Estamos tentando limpar a praia para a chegada do turista. Isso está queimando nossa imagem”, reclama.
Ela diz que a chegada de “mendigos de fora” trouxe risco à segurança, como furtos e outros crimes. Há um mês, um morador de rua morreu em uma briga no bairro.
“Todo dia tem um bando diferente. As pessoas têm medo de andar na rua, são abordadas, ameaçadas”, afirma.
Os protestos, porém, não são um consenso na praia.
“Eles não têm albergue, não têm onde tomar banho, e o pessoal só sabe criticar. Essa praia é só para quem tem dinheiro? E o pobre, vai morar onde?”, rebate a cabeleireira Rosângela Chaves, 54.
Sentado com dois amigos próximo à praia, o catarinense Cleber Zanini, 25, diz que mora na rua “por não ter opção”. “Se tivesse um albergue [para ir], seria maravilhoso.”
Após os protestos, a Prefeitura de Florianópolis diz que intensificou a abordagem de assistentes sociais nas ruas e que investigou denúncias sobre possível ação de outras prefeituras transferindo mendigos, mas afirma que as suspeitas não procedem.
O secretário de Assistência Social, Alessandro Abreu, negou aumento de moradores de rua em Canasvieiras e descartou a participação dessas pessoas em crimes.