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COMISSÃO DE MULHERES DA UESC EMITE NOTA PÚBLICA SOBRE A NECESSIDADE DE CRECHE NA UNIVERSIDADE

Espaço Creche. Imagem enviada pela Comissão de Mulheres da UESC.

No dia 28 de novembro de 2017, o DCE Livre Carlos Maringhella divulgou uma nota pública em sua página do facebook repudiando uma situação supostamente ocorrida em uma das classes do curso de Direito da UESC, relembre AQUI.  Em seguida, foi concedido o devido direito de resposta ao professor envolvido no episódio que fez o esclarecimento necessário sobre o fato negando qualquer hipótese de discriminação praticada contra a aluna, veja AQUI.  Diante da circunstância, os professores do Departamento de Ciências Jurídicas da UESC publicaram uma moção de solidariedade em apoio ao docente, assinado pelo diretor do departamento, coordenador do colegiado e outros professores da instituição de ensino, recorde clicando AQUI.

A Comissão de Mulheres da UESC entrou em contato com a redação do Blog Ilhéus24h, nesta quinta-feira (04), solicitando espaço para tornar pública uma nota coletiva em defesa da implantação de uma creche na referida unidade de ensino. O Ilhéus24h abre espaço para fomentar o debate, exclusivamente, em torno da necessidade evidente da adequação do espaço estudantil para receber mães e pais que enfrentam a dificuldade de estudar e não ter com quem deixar os filhos, buscando como solução a implantação de creches nas universidades e faculdades do Brasil.

Confira a íntegra da nota emitida pela Comissão de Mulheres da UESC e assinada por diversos núcleos ao final:

“Na segunda-feira, dia 27 de novembro, ocorreu mais um fato lamentável na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Uma estudante do curso de Direito, acompanhada de seu filho, foi convidada a retirar-se da sala de aula em razão da criança, de acordo com o professor, estar muito inquieta, o que comprometeria a relação ensino-aprendizagem. A violência à qual e pela qual a discente foi submetida evidencia as dificuldades que as mulheres mães enfrentam diariamente numa sociedade patriarcal, machista e capitalista. Tal situação expõe as contradições na relação da universidade frente às políticas de expansão do acesso realizadas nos anos mais recentes. O episódio envolvendo o professor e sua aluna é resultado de uma evidente ausência de investimento no setor de permanência e assistência estudantil da UESC. Assim como de uma total falta de sensibilidade e traquejo do docente ao lidar com situações longe das condições ideais em sala de aula. Levar uma criança para sala em momento algum deve ser considerada como uma ação opcional ou uma tentativa deliberada de causar “ruídos no processo de ensino-aprendizagem”. A criança fez-se presente na sala justamente pela ausência de uma creche universitária, tal como de um espaço para crianças menores de três anos, tanto na cidade de Itabuna como em Ilhéus. Espaços como esses garantiriam melhores condições de permanência no ambiente acadêmico por parte das mulheres mães, bem como em seus locais de trabalho. Compreendemos que a inexistência desse espaço na Universidade, o qual é um direito dos e das estudantes, representa a negação do direito universal à educação garantido pela Constituição Federal de 1988. Além disso, intensifica a condição de invisibilidade das mulheres mães na nossa sociedade. Com isso, a necessidade da creche é evidente, bem como é necessário pensarmos a construção de um fraldário, efetuar compra de cadeiras adequadas para o assento de gestantes, maior divulgação e garantia do direito à atividade domiciliar para as mulheres em condição de licença maternidade, entre diversas outras demandas. Ressaltamos ainda que essas vêm sendo levantadas há anos pelo movimento estudantil da UESC, além de terem sido encaminhadas durante o I Seminário em Defesa dos Direitos das Mulheres, realizado em 2015 na Universidade. Fatos como o citado somente reforçam a urgência de nos unificarmos em torno da cobrança pela efetivação dessas pautas históricas, tão fundamentais para o avanço das mulheres no meio acadêmico. A ação cometida pelo professor causou revolta e indignação por parte daqueles que entendem a postura como uma ação equivocada e que vai na contramão do real papel do educador. Como forma de “explicar” o fato, o professor, em nota pública lançada em veículo de mídia no dia 29 de novembro, indicou o quanto o direito à educação ainda é considerado algo para as elites e que mulheres e mães são culpabilizadas por frequentar um espaço que, em sua gênese, não lhes pertence. Diante disso, é fundamental indicar que o papel de um docente jamais deve ser analisado de maneira simplista, na qual seria sua função “afastar qualquer ruído no processo de ensino-aprendizagem”. Entender uma criança como causadora de ruídos nessa relação apenas reafirma para as mulheres que a universidade não deve ser o seu lugar. Nessa perspectiva, é preciso deixar estritamente demarcado que o agente vociferante e causador de ruídos não é e nunca será uma criança de um ano e três meses, filha de uma mulher negra e periférica que frequenta a universidade com o objetivo de garantir a essa mesma criança melhores condições de vida e que, por conta do desamparo do Estado, em não garantir uma educação para todos, se vê obrigada a carregar seu filho para o espaço universitário. Por todo o exposto, repudiamos não apenas essa, mas todas as situações análogas a ela que ocorrem na Universidade Estadual de Santa Cruz. Pra estudar, pra trabalhar por creches vamos lutar!”

Clique no “Leia Mais” para conferir os assinantes da nota:

Diretório Acadêmico  Carolina de Jesus – Letras Uneb  campus XVIII

Nucleo da Marcha Mundial das.Mulheres – Flores de Dandara ( Eunápolis)

Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro – Litoral Sul.

Coletivo Juntas

Movimento Esquerda Socialista/PSOL

Mulheres do PSOL Bahia

Setorial Nacional de Mulheres do PSOL

Centro Acadêmico de História Índio Caboclo Marcelino – UESC.

Centro Acadêmico de Letras Prof. Ruy Póvoas – UESC. 

Centro Acadêmico de Ciências Sociais –  UESC

Diretório Acadêmico de Biologia – UESC.

Levante Popular da Juventude – Itabuna.

Consulta Popular – Núcleo Índio Caboclo Marcelino.

Núcleo Feminista Marias Marias

União da Juventude Comunista – Núcleo Litoral Sul.

Coletivo Retomada.

DCE UFSB – Gestão Carolina Maria de Jesus.

Teia dos Povos.

Centro Acadêmico de Comunicação Social Gestão Ellen Oléria.

Coletivo ENECOS Aqui Há Voz.

Centro Acadêmico de Biomedicina Reneé Albagli – UESC.

Partido Comunista Brasileiro – Itabuna.

Centro Acadêmico de Direito João Antônio Mangabeira – UESC.

D.A de Pedagogia – UESC.