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MIÇANGAS E ESPELHOS DE UMA ESTRANHA PRIMAVERA

RANS
Povo-Tupinambá (2)
“A História se repete a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”. Se há uma frase nesse mundo que reflita com fidedignidade a situação dos Tupinambá daqui da região, com certeza cremos que seja essa.
E olha que o autor, Karl Marx, nada tinha a ver com a causa indígena nos solos latino-americanos.
Mas o seu legado talvez tenha e muito.
Tragédia? Sim, na forma como os índios foram vilipendiados, perseguidos, expulsos de suas terras sagradas, deculturados, marginalizados e mortos.
Tudo isso por gente estranha, vinda de outra parte do globo, que por aqui fincou bandeira, sugou tudo que podiam e nada ofereceu aos verdadeiros donos dessas terras.
Aliás, roubaram suas riquezas e lhe devolveram doenças e a morte.
Agora, mais de 500 anos depois, eis que a ciência mãe para a compreensão da realidade, se repete vergonhosamente como farsa.
Na pele de bons samaritanos, que ofertarão benesses e progresso aos descendentes dos tupinambá, estrangeiros, mais uma vez, cobiçam as suas terras sagradas. Benesses essas anunciadas através de um belo release distribuído à imprensa local, contendo detalhes de benefícios, cuja veracidade e real aplicação são tão críveis como o mais estúpido conto da carochinha.
Mas os tupinambá não querem nada disso. Não desejam essas novas espécies de miçangas e espelhos. Eles querem apenas suas terras, viver nelas e delas tirarem seus sustentos, usurpados em tempos remotos e cujos reflexos ainda são sentidos duramente, através da pobreza e miséria que insiste em afligir a etnia.
E que os espíritos indígenas ancestrais afugentem para bem longe os gélidos ventos dessa Primavera duvidosa.